Alquebramento

Quis chorar

Quis despejar pelos olhos toda a dor e desolação

Todo o sentimento que me afoga

Não consegui. Nem uma lágrima sequer.

Estou muda. Inundada.

Acho que o choro perdeu o sentido.

Representava para mim fragilidade e fraqueza.

Hoje é como exorcismo, é como livrar-me de todo o peso, de tudo o que me fere, de tudo o que me atravanca a vida.

Acostumei-me a segurá-lo, a escondê-lo da gente.

Meu choro ainda é escondido,

Ainda é solitário,

Ainda é convulsivo

Ainda é assustador.

Ele é alma, é coração.

Não se assuste se um dia me vir chorando

Saiba que não é em vão

Mas mude de direção e finja que não me viu.

Siga seu caminho e respeite minha solidão.

Não me sugira amizade

Nem profira palavras de consolo

De nada valerão...

Sequer se aproxime.

Minha dor sempre foi só minha

Não queira escutá-la

Entendê-la ou decifrá-la

A minha dor não tem sentido

Não tem motivo

É uma dor forjada, inventada.

Não se assuste com o que lhe conto

Não quero a sua opinião e muito menos comoção

Sinta sua tristeza medíocre e sua felicidade inventada.

Respeite minha inconstância

Minha intensa alegria

Minha dor e sua perenidade.

Karla kas
Enviado por Karla kas em 10/09/2011
Código do texto: T3212404
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