O Sono de Ser e no Ser
O sono: o sono como sintomas do esgotamento do corpo, da mente, dos sentidos; das covardias, dos medos, das incapacidades, da inércia de pensar, de criar, de amar, de inventar novos valores, novas ideias, novos pensamentos, novas estruturas para o sentir, para o ouvir; novos olhos e tatos para enxergarem as coisas e a si mesmo; novas civilizações formadas por almas forjadas do fogo, da névoa, das estrelas, da dores, do excessos, das montanhas e dos abismos da Vida e da Morte.
O Sono nas diversões, no sexo, na luta desenfreada por conquistas e dinheiro; o Sono das crenças e nas crenças; o Sono das ideologias e dos idealismos enervados; o Sono dos neurônios em corpos sempre em movimentos cinematográficos; O Sono nas profissões, nos beijos, nas orações; o Sono que despenca dos livros e das informações que tanto são consumidas pelos roedores neófobos e cancerígenos lutando por si e contra sua própria espécie em entulhos, em esgotos, em lixeiras chamadas de "Progresso, Evolução, Civilização"; o Sono nos pés que não mais sentem tocar as membranas do Cosmo, do Céu. O Sono de Existir. A Política tanto fisiológica quanto educacional, social, e cultural do Sono.
Hoje vivemos numa época em que o Sono de tudo e em tudo é uma das grandes divindades cultuadas e cultivadas pelo ser humano.
Até quando nós fecharemos todo o universo de nosso corpo e de nossa mente para estes decadentes adoradores do Sono?
O devir do mundo, as estrelas, as árvores, as pedras, os animais, os vírus, os átomos , todos "eles" estão muito mais acordados e despertos de si mesmos do que a raça humana. Quanto mais tempo as auroras do Tempo estarão disponíveis a nós, enquanto peregrinamos nesta maldita hibernação de Ser e do Ser?
Ou será que também estamos dormindo e caminhando, contudo plenamente convictos de que cada um de nós está acordado de si mesmos para a Vida?
Gilliard Alves Rodrigues