ADMIRO
Admiro demais os homens de bem,
eu sou um homem de bem, disso eu tenho certeza,
no entanto, a arrogância encarnada no meu jeito,
e empregnada nas minhas palavras quando sou contrariado,
me fazem ridículo, tão ou mais que o mais dos ridículos,
e isso eu só percebo depois,
quando por ventura eu reencontro numa fila qualquer,
alguém que eu feri com minha seta de grosseria e má-educação,
e aí essa "pessoa", no sentido da palavra que Baltazar Gracián empregava, vem e me diz graciosamente: Olá tudo bem?
Nesta hora tenho vontade de me esbofetiar,
vendo quão inferior eu sou perto de uma pessoa que eu mal tratei
e quão respeito eu deveria ter tido por alguém assim.
Que minha filha não seja herdeira dessa mazela!