Ruído das idéias

Às vezes eu tenho um título e não sei o que escrever.

O papel, em branco, acusa-me,

A caneta, parada, zomba de mim.

O relógio, correndo, sussura

Que da noite já é o fim,

E eu nem sequer pude beijar as estrelas.

Às vezes eu tenho uma idéia,

Mas junto dela há tanto barulho

Que não consigo escutá-la.

Ela deve brada, mas ao seu redor

Há uma imensidão de todas as coisas possíveis.

Então ela grita até morrer.

Às vezes tenho um amor,

E não posso declamar.

O amor mudo é o mais dolorido,

Este, em que o encantamento

Não se consegue expressar.

Às vezes eu tenho um sorriso e prefiro esquecer.

Tenho asas, mas prefiro não voar.

Então procuro você no silêncio.

Pode me pôr para adormecer?

Em seus braços eu finjo que sei exatamente

O que devo fazer.

Tayy
Enviado por Tayy em 08/09/2011
Reeditado em 08/09/2011
Código do texto: T3207066