Plano superior



 
Caso viver refletisse algum plano maior ou superior, que importância teríamos nós enquanto responsáveis pelo nosso viver, pois seriamos algo muito mais parecido com marionetes, do que com verdadeiros seres humanos, que somos ou que deveríamos ser.
 
Se o destino fosse algo absoluto, seria eu apenas passageiro de meu próprio viver.
 
Se o destino fosse, mesmo assim, um tanto parcial, tendo eu o livre arbítrio para modificá-lo, seria eu algo como um passageiro de taxi, que não tendo o total domínio e responsabilidade pelo caminhar em meu viver, poderia interferir indiretamente neste caminhar solicitando ao condutor alguma direção em particular, mas nunca sendo efetivamente responsável pelo marchar nesta direção.
 
Por que razão alguém ou alguma “força” perderia tempo em “planejar e planificar” um certo destino para mim, se posso eu mudá-lo ao meu bel prazer?
 
Por que razão as leis transcendentais me atribuiriam ou me delegariam um certo destino se cabe a mim a escolha do como e onde caminhar?
 
E por que este mesmo ser ainda me daria a falaciosa argumentação de que o que por ventura fizer de bom, teria como alegar ter sido decorrente de minha atitude, e em contrapartida me propiciaria a argumentação, também falaciosa, de que não tive responsabilidade pelo que de errado aconteceu, posto ter sido decorrente de meu próprio destino?
 
Como posso fazer escolhas, é muito mais coerente que não existam planos quaisquer, ou destino algum, sendo eu responsável pelas minhas ações, e tendo minha vida afetada não somente por minhas escolhas, mas também pela fatalidade e imponderabilidade do próprio viver.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 06/09/2011
Código do texto: T3204518
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