Ser feliz

...don't worry, be happy

O verbo "to be" é insuficiente e empobrece o idioma inglês. "Ser" é uma coisa, "estar" é outra completamente diferente, e isso quem pensa em português tem o privilégio - ou o azar - de saber muito bem diferenciar. Às vezes acho, senhores, que sou feliz. Acho que tenho bons olhos para o mundo e para as coisas. Acho que tenho uma visão otimista do mundo. Tudo bem... Mas... Então como explicar minhas insônias, meu bolo na garganta, meu grande sentimento de frustração e incompletude? Então... os meus dias estão sempre assim, mais tensos do que eu gostaria. Não que eu não tenha todos os dias momentos de paz e alegria. Vira e mexe estou feliz. Mas, de certo, não "sou" feliz. Todavia... que "é"? Acho até que querer "ser" feliz é algo muito insólito e quase absurdo, de uma pretensão ingênua. Talvez o dever de ser feliz, que a ordem cultural nos impõe seja um tipo de tirania que só nos faz sofrer. Ser feliz é algo subjetivo. E mais... Somos felizes por comparação. Comparamos nossa vida com a das pessoas "felizes". Fazemos esse parâmetro. E assim ficamos... Perdemos horas valiosas parametrizando algo que não se mede, que é a alegria de viver. Isso sem falar do quão importante é o sofrimento para nos aprimorarmos como pessoas.