Esta dor

No escuro, por entre as árvores atrás do vidro, assovia o vento. Durante o dia a cena magnífica, durante a noite, o medo. As mãos trêmulas olham a cena, distante, uma casinha dorme tranqüila, ao lado os animais pastam. Há alguém ali agora?

No chão alguns galhos quebrados enfeitam. As luzes acesas de longe permitem que vejamos tudo com perfeição.

Faz frio. Não quero virar. Talvez algo me prenda aqui, mas o que? Serão as ideias desaparecidas que se perderam por entre a negritude do pasto?

Tenho algo no peito, algo inexistente sem que antes por aqui me encontrasse, sinto ainda mais doido nos dias, ao olhar com calma para as cores da esperança, agora já retirada outra tarde, do espaço entre meu corpo e o chão, cores tão pretas! De um preto vivo, principal causador de remorsos e tristezas desiguais, a tristeza necessária para tornar tudo profundo, curioso e especial.

Walter teria sentido esta dor? Ou morreu antes de conhecê-la?

Walter pode ter tido sorte, já que a morte, talvez seja menos sentida em relação ao que sinto olhando para um céu com estrelas. (Com os pensamentos mirados a alguém que não posso revelar).

Walter é uma delas, assim como parte do suspiro dos ventos, das folhas que caem lentamente, do piso, da construção, Walter é parte de uma dor sem razão.

Para fins: Walter foi o diretor da escola, morto a tiros...

Taty Sbrugnara
Enviado por Taty Sbrugnara em 01/09/2011
Código do texto: T3195289
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