REFLEXOS
Com a despedida do pôr do sol, que se distanciaria do horizonte logo mais à noite, eu percebi que eu poderia colher, dentro da configuração de fases versáteis, a sua conservação de nos iluminar incansavelmente, além de exibir a sua forma peculiar, que deixa os olhares embevecidos. Mas, aqui, tudo parecia ser o reflexo do vazio, mostrando-se para mim, declarando a ociosidade de um cata-vento, que, ao longe, simplesmente aguardava a respiração ofegante dos ventos alísios. Já as pedras do mar recebem o impacto da transpiração das ondas e reflete o abrigo da maresia. Um longo vestido florido cobria as minhas pernas que seguiam por toda aquela extensão de terra, exaustas das pegadas que ficam refletidas na beira da praia. As minhas mãos esquentavam-se uma na outra, para que eu começasse a trabalhar na argila e criar um vaso para decorar a cabeceira da sua cama. Porém, a chuva veio e desfez o que eu lhe entregaria. Um sorriso meu foi lançado ao nada, naquele fim de tarde nublada. Em minha mente ecoava o som do mar revolto, naquela praia deserta, esta que não se modificará, mesmo habitando um mundo consumido pela tecnologia. E, quem sabe, o meu amor, meu olhar mais sublime estavam descansando. Resolvi me despir de recursos tecnológicos e disse que te amo, em frações de segundos; lançando o meu pensamento para ti. Deixei-o seguir viagem junto com os átomos que transitam pela oxigenação dos continentes e dos semblantes. Essas partículas de sentimentos e átomos irão compor os nossos momentos de alegria, perceptíveis, formando esculturas de afeto, resguardando-nos dos adornos preciosos, pois precisamos do simples, do amor puro, para quando estivermos longe, perto e até mesmo em uma praia deserta, não venhamos lançar um sorriso ao vazio, mais as partículas de um sentimento, este que nos fará perceber onde quer que estejamos a sua configuração incansável de harmonia. E que, em frações de segundos, tu possas perceber o teu olhar embevecido, feito o meu diante dos reflexos da lua.