Apenas Traços
É muito mais fácil falar dos outros do que de nós mesmos. É muito fácil olhar para alguém e ver simplesmente o que ele é por fora. Enxergar somente. Também é fácil conhecer uma pessoa, e até tornar-se íntimo o suficiente para saber o que ela pensa, o que ela sente. Difícil mesmo é conhecermos a nós mesmos.
Quando olhamos nosso reflexo no espelho, não temos uma visão própria do que somos. Vemos um ser humano comum, como os outros, mas não sabemos quem ele é, nem definir o que pensa. Um bicho racional e só.
Enxergamos apenas nossa imagem exterior, traços destorcidos e vultos daquilo que pensamos de nós mesmos. Apenas vultos daquilo que talvez seja nossa própria alma.
Raramente paramos para fazer reflexões do nosso próprio interior. Só de pensar no significado de existir, passamos a analisar tudo ao mesmo tempo, de forma a não poder compreender o que se pensa.
Basta olhar para o espelho e ver um ser desconhecido, seu próprio bicho racional. Vultos de um ser que simplesmente vive... ou que nunca existiu...