Entenda pois eu não entendo
Entenda, meu amor, hoje é tempo de nós dois
Não digo das estações
Não é disso de a primavera ser o tempo nosso
Não é isso.
Confesso a ti que nem sei quando é a primavera
Mal sei quando mudamos de estação
(Em qual estação estamos?)
Só sei quando me informa a televisão
E, além do mais, é imperceptível!
Entenda, a primavera não é a estação das flores
A primavera não é a estação das cores
Nem dos amores nem das dores
(Nem tenho mais rimas)
A primavera é a primavera, ora.
Se a primavera se representa
Na formosura de uma flor
Vendo tu assim tão linda
O ano só teria uma estação.
Não gosto de mudar...
Se isso faz mal a ti
Não gosto de me arriscar
Se isso te faz mal
Não gosto de me despir
Se minha roupa não te cai bem
Não gosto de fazê-la me vestir
Se em ti não caio bem
Entenda, amor, ainda temos um tempinho
O tempo não corre a nosso favor
O tempo retarda a nossa relação
E ao mesmo tempo a alimenta
O tempo é diretamente proporcional à saudade
E inversamente proporcional às possibilidades
Mas, não, não podemos arriscar tanto
Não podemos arriscar?
Eu preciso de você
Preciso da tua presença
E não sei o que fazer.
Eu não sei como fazer
Por onde fazer
E nem como.
Ninguém vai nos dizer o que devemos fazer
Só nós decidiremos se teremos um destino
(ou o destino vai decidir se existirá um “nós”)?
Você talvez não precise tanto de mim
Quanto eu de você, estou certo?
Que eu esteja errado.
Sobre o nosso amor
As estações
E tudo isso, entenda.