No dia em quem me descobri humano!
No dia em que me descobri humano
Quase caí no chão!
Quase sangrei aos litros
Quase vomitei angustia
Toda a angustia comida anos a fio!
Por não sentir o encaixe da minha alma
Com o andar do mundo vil
Quando me descobri humano
Meu coração se dividiu em dois
Duas partes distintas, chamadas medo e sentimento!
Meus pensamentos quase me afogaram
E o não saber nada, quase me enlouqueceu!
O amar, o machucar, o me responsabilizar pelo amor e mau causado!
Eu tinha asas imaginárias!
As mesmas de um anjo caído voltando aos céus!
Cegado pelo engano e pretensão de merecê-lo
Mais que qualquer outro
Humano!
Quando me descobri humano
Foi como me ver pela primeira vez!
Nu, sem máscaras, sem falsa moral
Sem medo de ver o que eu mais temia
Ser humano de fato!
Incansavelmente errante
Intoleravelmente ignorante
Surpreendentemente perdoável!
Quando me descobri humano
Tive que cerrar batalhas entre razão e emoção
Entre corpo, carne, alma, desejos, sonhos, realidade, ilusão..
Entre o certo e o errado
Ou o supostamente certo e o supostamente errado!
Tive que dividir caminhos
Colher algumas flores e deixar outras tantas ao chão!
Tudo junto, emaranhado, centrifugando meu espirito
Meu direito de errar...
Ah, errar!
É tão bom errar como um humano!
Com direito a perdão, antes mesmo da queda!
E a solidão?
Ser humano é temê-la
É entregar-se a ela
É comer o pão que o diabo amassou
Só para não ficar só!
Que diabos!
O coração é arma viva
Pulsante!
Equívoco!
É estrada desconhecida
E desbrava, desmata!
E mata!
Amor e perdição!
Amor e redenção!
E como não amar?
Como não querer tudo num gole só!?
Ser humano, é ser real!
Sem essa de romances perfeitos...
Tudo na vida é concreto!
Tão concreto, que deixa o imaginário no chão...
Com tantos sonhos pisoteados
Que nascem e só nascem
E se fazem sonhos de novo
Escombros de esperança...
A esperança de ser humano!