Contradições de um poeta

O poeta esqueceu de como fazer poesia; ele não tem mais inspiração. Seu tudo foi arrancado do peito da maneira mais perversa possível; seus sentimentos estão invisíveis, até para ele que sempre pôde ver além; até sua caneta está falhando. Precisa de outra cor para compor.

Tornou-se frio, antes sua negação mais insana. Tornou-se tudo que não desejava. Aqui a maior contradição. Aconteceu. Apenas. Como negar? Agora ele tem de afirmar seu não para não mentir. Ser sincero virou a maior dificuldade.

As palavras vêm com tanta rapidez. Uma força indescritível. Elas te comem vivo. Se não fizer, “morre”. Porque elas são lindas e grotescas. Você, poeta, as carrega. Tem de. Não há simplesmente um mecanismo que te faça parar. Nem você quer parar...

Essa é sua força, mesmo você tendo que afirmar tudo que sempre negou.

Mariana Rufato
Enviado por Mariana Rufato em 24/08/2011
Reeditado em 08/06/2013
Código do texto: T3178986
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