Engasgada.

Eita vida que me engasga! Que me silencia, que me cala... Estou farta, estou cansada, dessa vida que me cala. O peso da minha garganta já não pode mais pesar. As lagrimas dos meus olhos que insistem em lacrimejar. Já chega! - Penso comigo. Mas como, se esta é minha vida? Este silêncio, este peso... Que me cansa, que me afoga... Como pesa, como dói, tudo isso aqui travado. Já não quero, deixe-me em paz, silêncio maldito, maléfico.

Eu queria, até queria chorar. Mas as lágrimas se foram... Para onde? Eu as procuro, mas não sei onde esconderam-se. Quero silêncio para poder gritar, mas não quero ser ouvida. Quero isso, quero tudo, quero tudo nessa vida. Por favor, eu lhe imploro, vá pra bem longe de mim, silêncio seco, lágrimas secas, que só pesam meus olhos, não caem. Antes caíssem, mas ficam aqui, em meus olhos, pesando, doendo, silenciando.

Até quando? - Me pergunto. Pena que não obtenho resposta... Quero tudo, quero nada, quero silêncio pra barulhar...

Minha vida que não é minha e um mundo que é meu, nele eu grito, nele eu choro, lembro de quem me esqueceu.

Vá, passado, pra bem longe de mim. Amnésia, como eu queria, esquecer tudo, ser feliz.

Já cansei, não quero mais, meus ombros e garganta pesam. Vontade de contar tudo, mas pra quem? Quem vai se importar?

É duro ter de viver sozinha. Em prol de outros, e contra mim. É difícil, triste esta vida, eu não a quero assim.

E esse tempo que não passa? E o passado que sempre vem? E essa vida que eu não quero? E meu amor que é de ninguém?

O momento mais sublime é aquele em que eu durmo, eu me esqueço, eu me basto, ali eu sonho, me consumo!

Já que é pra viver sozinha, tudo bem, vou esquecer-te. Quem dera fosse tão fácil, deixa pra lá.

Eu quero um mundo sem ninguém, só comigo. Afinal se é cada um por si, pra que dividir um momento? Se aquilo vai passar, vai afundar na escuridão, pra quê então sofrer, pensar?

Já que vou silenciar, então vou silenciar.

Inspiração que já se foi, é hora de me calar.