Sempre Amanhecendo

Acordar, despertar de uma noite que por vezes não percebido pela consciência. Sensações matinais nos desejos que surgem a cada minuto da nova manhã. De onde vieram esses desejos, vontades ou pensamentos vagos? Ensinamentos, treinamentos noturnos fora de nossa atmosfera lógica humana e que tendemos à trazê-las para a densidade carnal. Desejos de realizações e sentimentos novos que transformados em pensamentos, palavras e ações, vão promover mudanças de rotas e roteiros no dia a dia que horas atrás pareciam perdidos, desamparados e atordoados por ações que outrora danificaram a estrada que o destino lhe ofertava como fonte de crescimento.

A consciência luta pela sobrevivência do melhor, da não morte prematura das realizações que nunca conseguiram sair do pensamento.

Hoje é um novo amanhecer, uma nova chance de chances infinitas que sempre virão se houver reação.

Uma fonte de vibrações positivas é mais uma vez ativada ao leve toque de reação do moribundo que agonizante roga por auxílio e olhando ao infinito, sabe que está sendo Observado e resgatado será.

Bendito seja o ser, que confia no Observador, que acredita nas chances infinitas e que reage à areia movediça dentro de uma passividade oportuna.

A calmaria se faz e a névoa se desfaz. Um amplo salão vazio se apresenta e inúmeras janelas que o compõe deixam introduzir réstias de luz por frestas que ali estão sabiamente colocadas pelo Observador para que a esperança nunca o deixe cegar.

Bem ao centro está a consciência atordoada e ao centro convergem os raios de luz.

Não faça nada, não reaja... Esse é o momento de se deixar apalpar pelo toque da Luz que nos vêm auxiliar.

Não escolha, não tome para si o comando das ações. O moribundo deve estar à mercê das ondas, emanações fluídicas e bem fazejas de uma fonte de Energia que trará o curativo certo para todos os seus desafetos.

O salão gira como uma roleta, frestas passam ao redor confundindo o moribundo que se refaz lentamente dos percalços de suas próprias ações. Confusão mental, desilusão e por vezes, dúvidas.

Não há para onde ir, mais sensato é a aceitação. As feridas ainda abertas se refazem e muitas serão cicatrizes, outras meras lembranças.

A roleta irá parar lentamente, as frestas irão se definir, os raios irão fortalecer e uma janela se abrirá bem à sua frente, como se por toda a vida ela estivesse ali esperando o moribundo estar pronto para ver e sentir a intensidade da Luz que o aguardava ansiosamente pelo seu amadurecimento.

Lágrimas descem lentamente em agradecimento arrancadas lá do fundo. Ajudam a trazer o moribundo agora refeito à sua nova chance.

O Observador mais uma vez se apiedou e mais uma vez perdoou.

A Luz atravessa incansável a infinita imensidão do ser.