Pseudoconcreticidade.
Segundo Karl Marx, se a expressão consciente das condições reais dos indivíduos é ilusória, se a realidade comparece em suas representações de maneira invertida, é isso uma conseqüência de sua atividade limitada e da sua situação social limitada que daí decorre. Segundo Karel Kosik, a pseudoconcreticidade toma as coisas no seu isolamento, toma a essência pelo fenômeno, a mediação pelo imediatismo.
O homem esquece, evita ou simplesmente não pensa a ontologia do ser conforme a processualidade histórica dos fatos, não faz uma articulação entre pensamento e ação, pensamento e realidade. Não pensa a construção das relações humanas de forma dinâmica, e nem as formas de consciências sociais por nós produzidas. O modo de produção da vida aparece reificado, coisificado, ou seja, reproduz-se aquilo que nos aparece de imediato ou acabamos por perecer. Luckács, em sua “Ontologia do Ser Social”, nos relata a possibilidade de apreensão do ser e do movimento enquanto práxis humana. As formas de objetivação do ser social situa-se permanentemente em transformação.
O homem esqueceu-se de sua condição histórica, e agora reproduz a sua condição alienada de forma finalista, fatalista. Bertold Bretch relatava a existência dos “analfabetos políticos”. Pois então, me parece também que existem os analfabetos com relação à história.
Como nos alerta Eduardo Galeano, o sistema esvazia a nossa memória, e assim nos ensina a repetir a história em vez de fazê-la.