CONFUSÃO

As vezes não acredito que escrevo essas coisas. Meus textos mudam, da água para o vinho.

Leio depois de algumas horas, dias, meses ou até anos e sinto a impressão que não os escrevi, pois não me vem à memória emocional. Mas sei que os escrevi, pois estão aqui, com data e hora.

Não vejo necessidade de incluir uma observação para lembrar o momento, pois o próprio texto é o momento, o próprio texto é o sentimento, o próprio texto congela a vida naquele instante. Ele exprime a verdade presente no momento.

Ora são românticos, ora cômicos.
Ora são bem humorados, ora muito tristes.
Ora puros, ora eróticos.
Ora elegantes, ora vulgares.

Uso as mãos e o teclado, mas escrevo com o coração, com a emoção.
As vezes penso antes, as vezes escrevo sem pensar.
Outras vezes escolho palavras, outras elas me escolhem.

Creio que é uma salada. Muitas emoções misturadas. Creio que seja o retrato de minha mente confusa e cheia de porquês.

Eu não sou o autor eu sou o próprio texto. Não sou gente, sou palavras.

Os textos se exprimem e dão forma ao que são, e formam a minha imagem física.
Não sou eu que os formo mas eles que me formam.



Claudio Cortez Francisco
Enviado por Claudio Cortez Francisco em 11/08/2011
Reeditado em 11/08/2011
Código do texto: T3152900
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