Viver nesta estrada

Nesta longa estrada da vida, que se abre à nossa frente, que nos parece infinita e difícil de ser concluída. É a estrada onde somos colocados naquele dia do primeiro contato com a luz. Naquele choro assistido, esperado, com todos felizes à nossa volta, que jamais poderíamos imaginar, da estrada que nos estava reservada e assim partimos com nos olhos vendados, mas cheios de esperanças de vitórias e assim soltamos o pé na estrada, com a cara e a coragem, como um carro em largada de um grande prêmio.

Ah, estrada traiçoeira, que às vezes nos parece pedregosa e poeirenta, com vários buracos espalhados ao seu longo, perigo constante em cada curva. Não foram poucas vezes de derrapagens em linha reta, de aquaplanagens em dias de sol. Assim levamos uma vida de mistérios, de assombros em cada trecho desta estrada, mas sempre com a esperança de alcançar o fim desta, levando como lembranças algumas cicatrizes adquiridas nesta desenfreada correria pela vida.

Nossa vida é mesmo esta estrada em fase de terraplanagem, onde lâminas afiadas rasgam cada pedaço do chão, para lhe dar a lisura, que permita uma cobertura consistente e duradoura, para que a passagem dos nossos possa ser feita com suavidade e segurança. Assim pensaram e passaram nossos pais, que nos criaram para sermos iguais e assim criarmos os nossos por esta estrada não tão suave, não por culpa deles, mas pela fatalidade da vida que cada um encontra nesta jornada. Nossa eterna herança de vida.

Quão difícil criar todas as condições seguras para que os nossos trafeguem numa estrada suave, mesmo em face de todos nossos esforços, as pedras se espalham ao longo desta, o que a torna traiçoeira, difícil travessia para a mudança de plano, sem que se arranhe ou frature alguns ossos. È como viver assim no perigo imediato, ainda que sob nossos olhos vigilantes, mas incapazes da total proteção, e as quedas são inevitáveis. E isso nos dói.

Assim quando a cena se repete em cada dia numa maternidade ou canto de um pobre casebre, sinto, que a herança se refaz. Reinicia-se os preparativos para uma nova caminhada nesta longa estrada, que vai culminar nos braços do Pai, que nos espera, quando se confirmará o retorno, no pano que se fecha, para avesso do parto. O fim da linha.

Toninho.

02/08/2011

Toninhobira
Enviado por Toninhobira em 04/08/2011
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