Segregação



Todos somos irmãos em espécie, ou todos deveríamos viver esta condição de irmãos em espécie.
Raça ou cor são mínimas contingências no repositório genético que nos une como espécie. Nossa natureza é praticamente única com variações mínimas sobre o mesmo tema.
 
Infelizmente existem segregações piores, que não são nada genéticas, contudo muito pertinentes a constituição presunçosa dos humanos: Nacionalidades, classes sociais, cultura, religião, grupo social e opção sexual, entre outras. Humanamente nada aprendemos com a globalização. Existem os nossos e os outros, os meus e os demais, os que comigo comungam e os que de mim discordam. Infelizmente existe ainda a segregação dos cultos e doutos frente aos ignorantes, a segregação dos que poderiam frequentar meu bairro e os que deveriam ficar longe dele, a segregação dos que podem casar com nossos filhos e dos que deveriam ficar afastados, dos que podem estudar nas escolas de ponta, daqueles que pouco merecem educação. A segregação é perversa e infiltra-se pelo corpo social e segrega os que podem ir a hospitais de luxo e ter acesso a tratamentos de ponta, daqueles que se puderem que vão a postos de saúde e hospitais públicos. A segregação dos que podem frequentar nossas festas e nossos clubes, daqueles que não podem fazê-lo. A segregação dos que poderiam morar em nossos prédios dos que devem fazê-lo longe de nós. Entre outras horríveis segregações ainda existe a daqueles que podem ter acesso a bons empregos, daqueles fadados a subempregos, sem falar daqueles que tem direitos contra aqueles que só tem deveres.
 
Ser humano é muito triste. Ou ser animal humano como a grande maioria vive é muito deprimente, ou melhor, ser desumano é o que nos marca como humanos. Eu sei que isto não vale para todos, mas vale para a maioria absoluta dos que se afirmam humanos, e talvez mesmo valha para nós próprios que não nos conhecemos em profundidade, ou nos escondemos por de traz de nossas aparências, nos escondendo muitas vezes de nós próprios.
 
A segregação está em todos os lugares, em qualquer tempo histórico, e fingimos que não é tão forte assim. Tomara esteja eu errado, e que possam estar corretos os que não percebem a segregação econômica, social, política, cultural, religiosa, sexual e de opção sexual. Tomara seja eu apenas um míope frente à desigualdade dos homens e a falta de humanidade que percebo.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 01/08/2011
Reeditado em 01/08/2011
Código do texto: T3132933
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