2.
Uma gota salgada saltou-lhe os olhos e lavou-lhe o rosto sujo do escarro.
Aquela gotícula por tempos reprimida, aparentemente, insignificante, mas que trás toda a dor e angústia de quem um dia acreditou,amou e se doou.
Seu corpo, em uma vã tentativa, procurava de toda e qualquer forma expulsar aqueles sentimentos parasitas que se multiplicavam à milhares. Uma verdadeira praga.
Ela queria um albendazol para sentimentos, uma anita que inibisse essas lembranças que lhe corroíam a alma.
Mal sabia ela que à cada tentativa esses parasitas sofriam uma mutação e tornavam-se indestrutíveis.
Eles a invadiram e se tornaram parte vital de seu corpo. Não havia mais o que fazer.
Afinal,ela sentia que sofria com eles, mas morreria sem eles.