2.

Uma gota salgada saltou-lhe os olhos e lavou-lhe o rosto sujo do escarro.

Aquela gotícula por tempos reprimida, aparentemente, insignificante, mas que trás toda a dor e angústia de quem um dia acreditou,amou e se doou.

Seu corpo, em uma vã tentativa, procurava de toda e qualquer forma expulsar aqueles sentimentos parasitas que se multiplicavam à milhares. Uma verdadeira praga.

Ela queria um albendazol para sentimentos, uma anita que inibisse essas lembranças que lhe corroíam a alma.

Mal sabia ela que à cada tentativa esses parasitas sofriam uma mutação e tornavam-se indestrutíveis.

Eles a invadiram e se tornaram parte vital de seu corpo. Não havia mais o que fazer.

Afinal,ela sentia que sofria com eles, mas morreria sem eles.

Interzone
Enviado por Interzone em 31/07/2011
Reeditado em 31/07/2011
Código do texto: T3130134