Sonho mórbido

Nuvens negras se sobrepõem em meu céu

É mais um dia cinza

Acredito que seja o melhor pra mim

Então as deixo brincarem

Ouço cada pingo que lentamente começa a cair

A chuva vem lavar o sal do meu rosto

O vento sopra forte para me deixar fria

O temporal começa logo após a ventania

(...)

Deitada aqui com coração trancado

Minhas pálpebras pesadas

A lentidão dos pensamentos

E a morbidez do corpo

(...)

A inundação está feita

Então pego meu barco de papel para navegar

Estou indo numa viajem sem volta

(...)

O corpo vazio mas tão cheio de culpa

A dor é insuficiente para machucar

(...)

Na insegurança do meu barco

Eu caio

Você não me ouve chamar

Você não me vê

Nem ao menos me sente te puxar

Eu me afogo

(...)

Rapidamente como o despertar de um sonho

Sinto minha alma que agora se esvai

(...)

Agora vejo o corpo que você possuiu

O corpo que era meu

E me assusto..

Cada detalhe de imperfeição

Milimetricamente perfeito

(...)

Todo o jeito como se mistura

Uma confusão de cenas agora

(...)

Procuro um brilho

O brilho que só há em seus olhos

Olhos que arrepiam minha pele ao me encarar

Procuro o gosto doce

Doçura que só há em seus lábios

Lábios estes que me fazem delirar

Procuro a força

Força que existe em seus braços

Braços que me trouxeram segurança

Abraço seu corpo que o sol agora reflete

Reflexo sobre toda a água que ficou lá em baixo

A inundação gentilmente secará com o calor

Pois já não estou presente

(...)

Vagar pelas sombras frias eu escolho

Devo partir, está tarde

Deixo seu reflexo

E me despeço do nada que sobrou.

Taie
Enviado por Taie em 29/07/2011
Código do texto: T3127085
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