Apatia
Um amigo me fez pensar
Ele olhava o relógio e pensava na vida dele
Eu sempre penso na minha vida
Como se eu tivesse no copo do liquidificador
Estão me picando
Estão me triturando
Sinto-me rasgar
Por dentro, por fora
Sinto facadas, agulhadas
Atordoamento,
Talvez pela velocidade dos fatos
Talvez pela inércia da vida
Ou seria a rotina, a mesmice
O nada muda, se não se muda
E nao se muda, por medo do desconhecido
Permaneço la dentro, mesmo que desliguem
Mesmo que abrande a velocidade
As agulhadas, trituradas mesmo menores
Ainda doem, e batem me velhas feridas
E doem de novo
E quando sara uma
Logo vem mais uma
Outra facada
Outra rodada
E outro corte
E nao tento escapar disso
Continuo ali, estática, apática,
Por que ainda assim ali é seguro
É o conhecido
Melhor?
Medo?
Insegurança, temor, pavor, ainda que me fritem, aqui estou por apatia.
São tantas dores velhas conhecidas, que me deixam em melancolia.