Dia especial.
Os pés molhados pela água daquele mar salgado. Os bolsos lotados de conchinhas que antes repousavam sobre a areia quente de uma tarde qualquer. Uma fogueira acessa para esquentar a noite que se aproximava. Os dois enroscados um no outro, envolvidos um pelo outro, como se fossem um só. Compartilhavam sorrisos bobos, abraços aconchegantes e beijos apaixonados. O mundo que os rodeava era pequeno demais comparado ao mundo que faziam parte. Ele era descontraído, engraçado, bobo. Ela era tímida, risonha, implicante. Os dois não faziam sentido juntos, mas eles se completavam, como peças soltas de um quebra-cabeça qualquer. Ele se perguntava como havia conseguido encontrar a garota de seus sonhos, sua metade perdida no meio do caminho. Ela gostava de tê-lo por perto, só porque tudo ficava mais fácil quando o envolvia, tudo com ele era mais divertido. Cada momento, cada instante, cada tiquetaquear interminável do relógio - tudo havia se tornado valioso demais. Ali, sentados no meio da praia, as pernas meio sujas daqueles pequeninos grãos de areia. Ao fundo, o som meio desafinado de um violão qualquer. Um dia que, para os outros, fora só mais um. Para eles, uma eterna lembrança.