Infeliz Coincidência
Vivemos um tempo onde usamos o tempo para organizar a nossa falta de tempo. Um tempo em que se dividimos em vários para não estar em lugar algum. Vivemos um tempo que insiste em perpetuar-se no próprio tempo. Já não prestamos mais atenção no próprio tempo em que vivemos. Não sabemos se o tempo passou ou ainda permanece.
O capitalismo, uma forma histórica de produção, petrificou-se! Juntamente, petrificaram-se as pessoas, as idéias e os pensamentos. Infeliz coincidência. Sabemos que a história, agora, só pode nos ensinar a lamentação. E que tudo se inscreve na eterna vigorosidade da não mudança. Dizer a verdade, nos tempos atuais, já é considerado um exagero. Desde que a vida se tornou algo negociável e o dinheiro o começo, o meio e o fim para torná-la possível, podemos proclamar uma igualdade de mãos dadas com a desigualdade, com a injustiça, com a miséria, com a pobreza, com a infâmia, com a mentira, com a exploração, e tantas outras coisas que assolam o tempo, um tempo, o nosso tempo. A realidade atou um nó: falar dela é falar de algo que permanece como está ou como há de ser?