ATÉ QUANDO?
Vivemos numa realidade diferente e em tempos distantes, numa dialética de encontros e despedidas. Não sabemos ao certo o que sentimos pelo outro, só temos a certeza que é real e que a imaginação apenas aguça a concreta vontade do que queremos viver.
É um mundo de sonhos e pesadelos que ressignificamos a cada dia quando imaginamos existir aquilo que não pode ser vivido. Nesse instante, prefiro agir instintivamente a frustrar a alma dos meus sonhos.
Olhar para o mar e para o céu estrelado não cansa os olhos, mas olhar para o infinito na busca de encontrar-se consigo mesmo, fadiga o espírito da esperança, que mesmo assim, não a deixa morrer, pois se assim o fosse, cairia por terra toda a sua razão de existir.
O conflito das coisas lícitas e das que são possíveis caem como uma máscara em nossa face que não nos deixa largar. Até quando?
Até quando resistiremos a tudo isso, querendo dizer pra nós mesmos que não podemos, que não devemos, que só espero de ti o carinho... É isso? Só isso? Nada mais? O que fazer? Como enfrentar? Será que enfrentaremos? Como?
Busco as respostas, mas a filosofia da vida não nos permite conhecer, apenas a questionar a realidade perversa que vivemos, onde nos preocupamos com todos que nos ensinaram, que passaram para nós suas tradições e conhecimentos e também daqueles que dependem de nós, que não tem nada a ver com isso.
Não obtenho respostas, só questionamentos incontroláveis que cada vez mais me atormenta e me faz chorar. Chorar por tudo, chorar por todos que direta ou indiretamente estão envolvidos, chorar por ti, chorar por mim mesmo.
Sinto-me às vezes como uma criança que se perdeu de seus pais numa imensa multidão, fria e indiferente a qualquer tipo de sentimento.
A multidão das tradições transmutou a razão de existir dos sentimentos, isso porque a sociedade consolidou o discurso da “boa aparência” para uma satisfação social, enquanto por dentro de nós nos digladiamos mutuamente, cada um, consigo mesmo, com seus sonhos e sentimentos e com a outra parte de nós. Até quando?
Até quando esse pesadelo continuará a ser real?
Apenas tenho encontrado consolo nas palavras que penso e que as faço existir quando as escrevo em uma folha de papel passando a dar-lhe vida e sentido real, pois consegui materializá-la.
De igual modo encontro em algumas canções o espelho do que está sendo vivido, o reflexo que nossa imagem pode construir sob a subserviência do tempo.
Nada está sobre o tempo, mas sob ele.
Assim como os sentimentos são impetuosos, a força do tempo é imperiosa, é inevitável, está sobre a natureza humana e nos rege como folhas ao vento.
Até quando vagaremos como se não houvesse um caminho, um encontro, uma vida?
Precisamos nos conhecer cada vez mais e melhor a cada dia, para sabermos realmente quem somos, o que sentimos e o que queremos de nós.
Até quando?