Porquinho
É uma maneira muito estranha de se amar a vida não se importando com a morte. Pois eu ando no meio dessa gente toda admirando o céu e me deixando ser acariciado pela brisa da manhã, me sentindo infinitamente bem que nem parece que a assustadora possibilidade de cair morto no próximo minuto é real.
Estive refletindo ainda mais cedo sobre a nobreza do ódio sincero por pessoas que já estão mortas e levaram pra tumba uma infinidade de coisas que me dariam recursos para encarar a realidade de uma forma menos realista-fatalista-pessimista e ser menos reservado, menos desconfiado; enfim, menos arrogante.
Fui moldado pelas palavras duras e frias e pelos falsos carinhos ou tudo isto é apenas a encenação do que a mim foi (pre)destinado?
É melhor aceitar a primeira hipótese... Sim!
De que adianta ter uma verdade ou outra se já não posso mais reaver o incognoscível que me foi tolhido aos gritos?
O que me resta é rolar neste chiqueiro com as sobras de mim mesmo e me adaptar ao fedor – ao meu fedor e ao dos outros, que, aparentemente, sequer se preocupam com suas equivalentes idiossincrasias.
Sim, o que me resta é me refestelar neste chiqueiro de cerca imaginária enquanto ainda posso.
Enquanto eu ainda quero.
21/07/2011 - 10h33m (E criando raiz num Cartório)