Enquanto esperamos...
A espera tem seus dois lados, mas acredite: você sempre ficará apreensivo com o que virá de qualquer maneira. Se você estiver esperando por boas notícias, todo o seu físico irá se manifestar. O tempo se arrasta, acorrentado e pesado, parecendo parado no próprio tempo, à espera. Provelmente, suas mãos suarão frio, suas pernas tremerão, você não conseguirá permanecer calmo, pois sentirá o coração palpitar mais forte e num ritmo acelerado e desconhecido a cada segundo que se aproxima da chegada do que se espera.
A esperança, alimentada por longo tempo, agora se concretiza nos seus movimentos de vai-e-vem, no olhar lançado no horizonte que traz e puxa a silhueta do que parece ser quem ou o que você espera. A alegria toma conta e embarga a fala, o grito e o choro na garganta. Tudo se torna festa dentro e fora de você. Há o impulso de correr para tornar a distância menor e a passagem do tempo mais rápida.
Se o que se espera, no entanto, não for bom, se forem notícias amargas, duras, cruéis, você espera, fingindo que o tempo não existe, mas ele, por ironia, passa muito rápido e a hora do que não se esperava se aproxima. É a mesma sensação de se estar no corredor da morte. Você sabe que tem aqueles exatos minutos para viver e que o depois é um tempo que não existe mesmo! Todo o seu corpo é vítima da ansiedade. O que funcionava bem, no ritmo, simplesmente descompassa. Você fica doente. Não é mais aquele ser cheio de energia, alegria.
A esperança é assim. Mexe com seu ser por dentro e por fora. O que vem daquela longa espera remove o fundo das águas e o que parecia parado e esquecido surge de repente para nos trazer algo que transformará nosso ser, nossa vida inteira. Você, daquele momento em diante, não será mais o mesmo. Algo muda, porque a espera foi exatamente do tamanho que tinha que ser, nem um minuto a mais, nem um minuto a menos.
Autora: Luciane Mari Deschamps