"O que me resta..."
Por mais que eu não consiga mais ver a beleza da vida, por mais que minha memória faça-me morrer a cada novo dia, ainda consigo me lembrar de como era o mundo visto pelos meus olhos de criança...
Correr, brincar, me divertir, jogar bola, dormir e ter belos sonhos... Hum eu era tão inocente, pena que durou pouco tempo...
Mas ainda consigo me lembrar dos dias em que me deitava sobre a relva e deixava a luz do sol banhar meu rosto jovem e livre de qualquer dor, lembro do vento dançando ao meu redor, da luz da lua brincando com meu reflexo na água, dos meus risos quase que ouvidos por toda a rua...
Lembro de ser feliz... Lembro de ser alguém...
Mas hoje nem mesmo eu sei quem sou, se sou restos do passado ou traços do futuro... Começo e Fim juntam-se em uma única dor, dilacerando-me por inteiro, tomando conta deste corpo que está a cada dia mais cansado e dolorido.
Meus sonhos e desejos do passado juntos com as rosas da alegria que foram cruelmente esmagadas pelo sofrimento do meu passado e presente repousam em silêncio sobre o túmulo de alguém que jamais conheci.
E o que me resta agora é apenas olhar o vazio das lembranças e do medo deixados em mim. Levados pelo vento e afogados pelo rancor estão a vida que outrora existia junta com o fúnebre amor.