Entre o bem e o mal está um ser inferior
Arrumar a alma é uma ação que se começa por fora, pelas coisas materiais. Por exemplo, hoje, podemos limpar as gavetas, tirar os papéis borrados com textos já sem sentido, anotações inúteis, objetos sem utilidade, livros sem uso e desatualizados. Hoje, podemos deixar as gavetas em ordem, classificando os pertences, os objetos, os papéis importantes, os livros bons para que tudo fique clean! Até que a gaveta pareça outra. Se a nossa alma fosse essa gaveta, estaria leve e solta! Sem o peso do ódio e da revolta. Simplesmente, estaria e seria uma alma, espírito de luz. Mas a tarefa de organizar as coisas da alma leva uma existência inteira ou muitas outras (depende do que ou em que/quem você acredita).
Arrancar as sujeiras que encobrem a alma não é fácil. Dói, porque tira nossa humanidade. Somos demônios e anjos. Ora amamos perdidamente, ora odiamos com todas as forças. E constantemente confundimos estes dois sentimentos.
Ser humano é estar exatamente no meio, entre o bem e o mal, pendendo ora para lá, ora para cá, quando não estando em um único lado, porque assim o queremos, já que nos foi dado o livre arbítrio. A escolha pelo mal é sempre mais fácil, pois os limites são ampliados a medida que nos aproximamos do fim. Afinal, quem põe o término somos nós, não é mesmo?
Arrumar a alma é tarefa para muitas vidas. Talvez a nossa e de muitas outras. Está aí uma tarefa nobre dada a um ser tão inferior: o ser humano!
Autora: Luciane Mari Deschamps