Avexada...

Dissolvi todo sal que havia em mim

E pra recuperar? Como fiz?

Corri, num mar de chão árduo ao se pisar

Trabalhei e enrolei, depois de tomar vergonha na cara, trabalhei mais um bocado

E como se passa no rádio

Cantei entre propagandas de milagres

Fui ao pé de mim e não tive coragem de bater na porta ainda

Mas quem disse que a teimosia deixa de ser intrometida

Fui me reencontrar e dessa vez bati com coragem na porta

Quando começei a espiar quem aparecia de mim

Dei um pinote tão grande que “me orgulhei” da minha ligeireza covarde

Balanguei de um lado ao outro e num caí

Fui lá, pra provar que o que tenho de pelega tenho de teimosa queixada

Bati, esperei, me olhei, calei...

Depois de cerimonioso silêncio descobri como falar sem boca nem saliva

Falei, escutei e ainda estou me reiterando, às vezes com mais e às vezes com menos,

Mais ainda que avexada, com um tiquinho de sal.

CARINA LEITE
Enviado por CARINA LEITE em 18/07/2011
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