Avexada...
Dissolvi todo sal que havia em mim
E pra recuperar? Como fiz?
Corri, num mar de chão árduo ao se pisar
Trabalhei e enrolei, depois de tomar vergonha na cara, trabalhei mais um bocado
E como se passa no rádio
Cantei entre propagandas de milagres
Fui ao pé de mim e não tive coragem de bater na porta ainda
Mas quem disse que a teimosia deixa de ser intrometida
Fui me reencontrar e dessa vez bati com coragem na porta
Quando começei a espiar quem aparecia de mim
Dei um pinote tão grande que “me orgulhei” da minha ligeireza covarde
Balanguei de um lado ao outro e num caí
Fui lá, pra provar que o que tenho de pelega tenho de teimosa queixada
Bati, esperei, me olhei, calei...
Depois de cerimonioso silêncio descobri como falar sem boca nem saliva
Falei, escutei e ainda estou me reiterando, às vezes com mais e às vezes com menos,
Mais ainda que avexada, com um tiquinho de sal.