Hoje é dia 17
Hoje é dia 17. Isso talvez não signifique muito para uma grande parte das pessoas. Mas o que importa afinal? Talvez esse dia já não signifique nada pra Ele. E pra mim? É, mais um dia 17. Mais um dia 17 que parece durar a mais árdua eternidade. Mais um dia 17 pra que eu me lembre de que eu jamais amarei outra vez. Hoje, assim como todos os dias 17 de todos os meses, desde que eu o perdi, é um dia em que a minha única vontade é desaparecer. Eu não me sinto viva, eu não sinto meu sangue correr por entre minhas veias. Não sinto gosto, e tampouco cheiro. Só o que eu sinto é o enorme desejo de que cada suspiro meu seja o último. Eu não vejo cores, não ouço som algum. A minha alma parece não existir e tudo em mim parece não funcionar. Apenas os meus olhos trabalham incansavelmente transformando a minha dor em lágrimas que parecem inundar tudo, mesmo que estejam molhando apenas a fronha do meu travesseiro.
Assim são todos os meus infindáveis dias 17. Assim se configura cada segundo desse dia que parece me derrotar. Assim é sempre a amargura que me toma.
E não pense você que, após a meia noite, o meu sufoco acaba. Não pense você que os outros 30 dias transcorrem normalmente, até que a minha paz seja novamente arrancada. Os demais dias servem apenas para que a minha angústia aumente gradativamente, como se meu coração encolhesse temendo o próximo dia em que vou acordar e encarar meu rosto mais uma vez no espelho, na esperança de morrer antes de ser obrigada a dizer a mim mesma: Hoje... É dia 17.