A ação de trair
Seja o que for, você será um dia o traidor e, no outro, o traído. É isso. Realidade nua e crua. Você pensa que é sempre a vítima, o coitadinho? Mentira. Muitas vezes você já foi o acusador, o assassino, o "traíra" da situação. Trair valores, trair pessoas, trair compromissos, trair por prazer, trair por vingança, trair pela simples sensação de bem estar... gostar de trair porque você gosta do perigo. Somos muito cruéis em se tratando de relacionamentos e... traições.
Quando pensamos em nós, o sentimento de traição parece um "bicho de sete-cabeças, a Hidra dos nossos devaneios"... Se é o outro que traímos, nos justificamos, vem sempre a palavra PORQUE depois de uma vírgula. Agora, ao contrário, nos desesperamos e nem paramos para ouvir o que vem a seguir depois do porquê. Não interessa!!! Caramba, EU fui tra-í-do(a), ouviu?!!!!
O ser humano volta-se para os seus sentimentos e acredita piamente que o outro é O ÚNICO culpado. Junto com a traição vem a culpa, o dedo em riste, apontando para quem nos deu o "bote", a "picada fatal". O outro que trai, no entanto, não quer nem saber de seus sentimentos. O traidor tem lá os seus motivos. E ponto.
Trair parece uma rua de duas vias. Às vezes, você está de um lado, outras, de outro. É uma ação separada por uma linha tênue, tão tênue, que você chega a confundir se é o traidor ou se é o traído na história.
Autora: Luciane Mari Deschamps