Luneta do Cotidiano: Heróis versus Moral.

Olá, queridos leitores!

Gostaria de falar hoje sobre uma observação que fiz esta semana. Na televisão, o filme 'Hulk', aquele que já se tornou antigo. E em minha mente um pensamento quase que pipocou: porque esse tipo de filme? Pode não parecer uma pergunta pertinente, mas observando bem a natureza daquele ser, você não acha estranho que ele seja um dos preferidos das crianças atualmente?

Claro, sempre foi um fato a admiração de nossas crianças por super-heróis, mas pensando bem isso é um pouco esquisito. Eles são humanos, mas com anomalias (genéticas, na maioria das vezes), pessoas que tiveram suas vidas violadas por corporações que os usaram como cobaias. Mas isso nunca é questionado. Existem pessoas até que gostariam de ser como eles, sonham em ser picados por uma 'aranha radioativa' ou cair em uma lata de lixo tóxico, afinal, todo preço é baixo quando se trata de escalar paredes, ter super força, voar e ter visão de raio-X. Engraçado, eu sei, mas isso mostra como hoje não aceitamos nossa natureza e como coisas que são aberrações já se tornaram normais, muito bem aceitas e até mesmo dignas de admiração. Como você se sente ao ver o Superman, por exemplo? Eu me sinto um nada, uma inútil. Não posso fazer nada do que ele faz, só ele pode salvar o mundo e eu não. Ele pode voar, pode salvar pessoas, eu não posso nada disso. Me sinto insuficiente para a minha própria vida. 'Eu poderia fazer mais se voasse. Eu poderia fazer mais se fosse invisível...' Mas na verdade, se eu tivesse esses poderes não faria nada. Só me gabaria de te-los, e continuaria minha vida normal. Se hoje, sem ter poderes, não faço o que esta ao meu alcance para melhorar a minha vida e a do próximo, algum super poder iria mudar isso?

Não posso nem vou misturar a reação que temos em relação à ficção que vemos nos filmes com o a reação da humanidade ao se deparar com tais coisas na realidade. Na verdade, houve uma mudança enorme entre os filmes antigos e os atuais. Hoje, as aberrações são amadas, e nos 'protegem', antigamente, elas eram bestas ferozes, que eram caçadas e mortas (como no caso de King-Kong).

Falei tudo isso para entrar em uma questão: até que ponto a televisão pode influenciar a você e ao modo como você vê a vida?

Para mim é realmente preocupante esse assunto, pois tudo hoje em dia esta se tornando normal e pacato. Tudo é bom, tudo pode ser resolvido, tudo pode ser aceito. O ser humano tornou-se 100% ajustavel em todos os aspectos. Casos de assassinatos (quando vistos pelos olhos do assassino) nos comovem e até nos fazem coniventes com o crime. Um ótimo exemplo são os filmes onde o protagonista é o assassino ou criminoso, como aquele 'Inimigos Públicos' onde eu mesma confesso ter torcido pelo vilão. Mas onde fica a moral e os bons costumes nessa hora? Como eu, uma pessoa sem problemas com a justiça, posso ficar ao lado de um criminoso? Isso se aplica a muitas outras pessoas, e não ouso dizer que isso configura uma mente fraca e sim que algo esta errado. Todos os lados devem ser vistos e ouvidos igualmente é claro, mas os fins não justificam os meios e por mais que seja uma pessoa boa, ela deve pagar pelo crime que cometeu. Engraçado que ao falar do assunto, vários outros filmes me vêem a mente, como um que assisti no ônibus enquanto voltava do Rio de Janeiro, 'Atração Perigosa', eu realmente fiquei feliz com a fuga do bandido no final. Ridículo. Tudo bem, mas continuando, eu te pergunto novamente: até que ponto sua mente e seus principios podem ser moldados? Sua moral, ela é realmente sólida? Agora vejo que a minha não é. Posso até cometer crimes para justificar certas coisas, mas me esqueço que eu não sou John Dillinger. Acredite, uma peça, filme, ou novela muito bem escrita e encenada, pode mudar seu pensamento sobre várias coisas. Tanto para o bem quanto para o mal. No mundo em que vivemos, onde a imoralidade beneficia à muitos, não seria nada bom que o crime e tantas outras coisas destrutivas fizessem parte do nosso dia-a-dia como algo aceitável. Será que agora devemos lutar para manter nossa moral?

Kari Vilela
Enviado por Kari Vilela em 15/07/2011
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