Torta Holandesa Congelada

A noite mais fria do ano e uma volúpia represada enfim sendo exteriorizada com uma fúria rubra de movimentos vertiginosos e descendentes. A noite mais fria do ano e nosso CO² sendo nosso oxigênio: quente, molhado, abafado, exigente, louco; o vergastar atritante das carnes fundidas ritmado, forte, denso, intenso e nostálgico. A noite mais fria do ano sendo linda depois do dia mais frio - e feio - do ano. Fúria calmamente amainada; a doçura com desejo que desliza nos primeiros metros percorridos de uma locomotiva. As palavras - carregadas de um significado abstrato, obscuro, capcioso e, no entanto, indubitável - vêm e vão; falta-me a certeza de pôr segurança a pronúncia. A noite mais fria do ano e "I never felt so warm" com gaita e dois olhos e um sorriso lindo sob meu corpo quente e rijo; "I never felt so warm" na noite mais fria do ano e um rebelde "eu amo você" saindo do meu crânio e iluminando dois olhos sob meu corpo pesado, rijo, e quente; então mais apertado, quente, engatado e inefavelmente satisfeito. Na noite mais fria do ano. Na noite mais fria do ano, atrasado cinco anos... "Amo você", eu falei. Amplexo. Quente. I never felt so fucking warm...

Doves - Rise

Doves - Rise

Doves - Rise

Doves - Rise

Doves - Rise

09/07/2011 - 22h45m

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 10/07/2011
Reeditado em 10/07/2011
Código do texto: T3085874
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.