QUAL O MEU TALENTO?

Hoje eu ouvi essa pergunta em uma palestra que assisti, e fiquei pensando na resposta.

E me perguntei ainda, será que eu sei realmente qual o meu talento, mas não tenho coragem de assumí-lo?

Digo isso porque eu sempre amei escrever. Escrever faz parte do meu ser, mas, será que é um talento, ou só uma forma de desabafo.

Eu geralmente uso a escrita para não desabar. Para não cair numa depressão. Escrever para mim é uma válvula de escape.

Desde a minha infância eu via ou ouvia algo, e logo elas se transformavam em frases, estórias, poesias, pensamentos tomavam conta da minha mente.

Concluí-se, que até hoje, como diziam já na minha infância, que eu vivia no mundo da lua. E eu realmente, fiz muitas histórias nele.

Eu era fã da Janete Clair, e sonhava, não em ser uma modelo, uma cantora ou uma atriz, mas, em ser uma grande novelista.

Queria poder escrever para a televisão, porque assim eu achava que mostraria de forma mais rápida e direta tudo o que eu tinha na minha mente e no meu coração.

E eu colocava tudo para fora com as minhas mãos, que ligeiro corriam pelo papel e como uma enxurrada de água, eu dava vida a tantos personagens tão diversificados que pareciam querer contar suas estórias.

Mas, eu nunca tive incentivo de ninguém ao meu redor. Todos diziam que esse negócio de escrever era sem futuro.

Aí, eu cheguei a conclusão que talvez nem levasse jeito para isso, e ia era passar fome. Acabei fazendo duas faculdades, casando e trabalhando sem parar desde então, para sustentar a família.

E nos momentos de folga, eu corro para estudar para conseguir um emprego certo, sem problemas, e prometi a mim mesma, que no dia em que eu passar em um concurso, eu vou arranjar um tempo para meus escritos.

E hoje, com a palestra, me levantei a pergunta que não quer calar. Será que até agora não consegui passar em um concurso porque o meu talento é escrever. Mas, como pode ser?

Será que eu deveria ter corrido atrás do meu sonho de escrever? Mas, e as contas? E os meus filhos? Quem iria sustentá-los?

Afinal, faz tempo que não sou só eu. Eu tenho responsabilidades, e descobri que elas não se entendem com os sonhos.

Ou eu estou completamente errada? Se sou feliz assim?

Sou. Sou feliz porque tenho uma família que eu amo muito, tenho filhos maravilhosos, tenho grandes amigos, gosto do meu trabalho, gosto da área do direito.

Mas, confesso. Eu realmente queria ter tempo, muito tempo para escrever tantas estórias que moram dentro do meu ser. Não sei se são boas ou ruins, mas, eu também as amo. Amo todos os meus personagens e todas as minhas histórias.

Então, o fato é que a pergunta vai continuar a bater na minha cabeça: "Escrever é o meu talento? " Não sei se algum dia terei a resposta, só sei que hoje, estou feliz por desabafar.

Noélia Alves Nobre
Enviado por Noélia Alves Nobre em 08/07/2011
Reeditado em 01/02/2018
Código do texto: T3084020
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