Habeas
Maldição! Por que me faltam palavrões se não me faltam motivos pra xingar? Por que eu não consigo dormir um único dia sem ter o peso do remorso de ter nascido de um lado e toda a repreensão dos meus instintos assassinos de outro? Gostaria de atravessar um hiato de pelo menos 24 horas incólume da ojeriza que esses pedaços de placenta ambulantes me causam; esses merdinhas glutões que bem poderiam ter nascido com o coração parado. Ah, às vezes, quando passo pelo centro da cidade e vejo aquela gente miserável e louca, gritando com o vento, tendo discussões com o nada ou mesmo lendo a bíblia em voz alta, me pergunto: o que os colocou em tal situação? A resposta mais próxima que chego, tendo em vista a minha constante, epacmástica e doravante malsinação, resume-se a uma só palavra: família. Família, quando não é a solução e o alicerce, é o problema e o calvário. Tenho o inegável benefício de por um lado ter sido poupado dos fuxicos familiares e de tias beatas e mal-comidas aos domingos e de primas estúpidas e de primos envolvidos com o lodo do crime; de tios beberrões destruidores de lares e de um pai, por fim, pra servir de exemplo de fracasso (se bem que nesse último caso o fator biológico/hereditário mostrou-se mais presente do que uma presença, se é que estou sendo claro.)
Resumindo:essa vida é uma bosta! E não há nada que me prove o contrário.
06/07/2011 - 04h23m (Depois da sexta vez sendo acordado com risadas, luzes na cara e tampas de panela caindo ao lado da minha cama)