Não sei se vivo ou vivo tentando viver

Sei lá, acho que queria só dizer alguma coisa com quem me importo e que sei que nunca me julgou por poucas coisas, para alguém que sinto algo diferente... Percebo que há certas coisas que incomodam você silenciosamente, algumas coisas que momentaneamente te fazem perder o chão ou então simplesmente possam te confundir. Ou tudo talvez seja só impressão de alguém triste que busca algo para falar. Dentre tantas coisas a se viver sei que nunca viverei nem um décimo sequer, quiçá o bastante para dizer que vivi muito minha vida da forma que eu queria. Moldamos nosso presente, nosso futuro e até nossas lembranças. Podemos lembrar de coisas horríveis se pararmos para nelas pensar, ou elas surgem de onde menos esperamos, mas com certeza sabemos escolher aquelas que vivem conosco todos os dias. Soa repetitivo, soa amargurado e soa desesperado, mas algo sempre nos incomoda. Nem para todos precisamos esconder. Eu queria achar alguém que me entendesse e não precisasse controlar cada palavra, frase ou passo para não parecer idiota ou tudo por a perder. Poucos olhares tenho na lembrança, mas esses tenho para sempre. Busque em cada momento algo para se retirar e fazer sua vida andar, pois como ideia central absorvida das leituras, "o vazio incomoda". Mas quem não é vazio? Se tirarmos as lembranças para não sofrer, tirarmos o amor para não perder, a felicidade para por fora sempre ter, sobra o que? Se deixamos desperdiçamos, se usamos nada dura para sempre a não ser lembranças que já descartamos. O que nos sobra? Viver, pura e simplesmente, sem medo de arrependimento. E mesmo assim sinto medo, angustia e infeliz. Quanto tempo demora para tudo isso passar para sempre? Dói tanto sentir isso. Saber que ao escrever assim para alguém conhecido mostra a fraqueza e fragilidade que todos evitam. Buscamos a força, a integridade e a coragem. Rotos e fracassados pelo frio véu da maldade dos indivíduos. Fraqueza se resume em não querer mais viver. Mas sou fraco. Com tanto sofrimento já não sinto mais aconchego, carinho ou acalanto. Tudo me faz pensar, pouco me faz refletir e nada mais me faz feliz. Tudo isso foi tirado aos poucos em 2 anos e meio quase. "Deus da o frio conforme o cobertor", mas que cobertor é esse que busco e não hei de achar? sempre que me pego me perco a procurar. Dias vazios e sem cor, noites frias sem cobertor. A porta aberta de quem recém saiu e eu aqui ainda sozinho me passando por viril. Num momento curto de lapso temporal olho a chuva, o quarto desarrumado, o cabelo e as roupas em desalinho, a vida nada passa de um morto bichinho. Onde estão esses objetivos que por anos incontáveis sustentei? Busquei, não alcancei, por tantas vezes me levantei. Quando vou poder desistir? Já dei tudo de mim, já tiraram quase tudo de mim. Amizades ficaram mas as sinto distantes novas relações se constroem mas sou aspirante, não conquistador. O brilho se esvai dos meus olhos já turvos.Apesar de levantar, cada vez com mais força, tudo se esvai, castelos desfalecem e a cor do sentimento desbota. Uma nota: começo a sinfonia que um dia vai acabar. Penso as vezes que muito cedo as vezes demora para chegar. Não sei. Me sinto...sem sentir. Só sei que mesmo assim penso e busco você. Não sei.

Raul Machado Menezes
Enviado por Raul Machado Menezes em 06/07/2011
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