MUITOS PERGUNTAM A RESPOSTA

Amor? Às vezes entendemos o amor de uma forma global, assim o todo ama. Assim também somos amados pelos pais, filhos, irmãos.
Um dia uma amiga me perguntou:
- Porque é tão difícil se explicar um sentimento?
Fiquei pensando...
As inúmeras vezes em que assisti o desenrolar de uma relação, tantas outras vezes em que, ao lado de amigos, chorei ao ver seu sofrimento, em não saber se conseguiram se fazer entender em suas relações.
Volto a pensar...
Também vivi tantas perguntas e muitas eu nunca soube responder. É como quando assistimos alguns filmes e choramos ao ver aquela cena com uma declaração de amor, ou numa cena de novela, quando torcemos pelo casal, para que fiquem juntos.
Por que agimos assim? Por que queremos o bem vencendo o mal?
Por quê?
Isso é porque transferimos nossa visão e desejo para aquela história.  
A verdade e o amor têm que vencer, eles têm que acabar juntos e mal percebemos, ou melhor, nos esquecemos que é somente o retrato de algumas pessoas em uma ficção. Sim, isso é irreal!
Mas e na vida real? E na vida virtual? Existe o mocinho, o vilão, o certo, a verdade?
Às vezes acreditamos que o amor é feito de momentos, por vezes queremos que seja para toda uma vida, mas esse querer, esse desejo, torna tudo mais complicado.
Quando casamos, vamos imbuídos por um amor eterno, pois ninguém se casa pensando em separação. Então esse casamento pode e deve se completar na cumplicidade, no respeito, na construção, no nascer e renascer do desejo de querer estar com aquele parceiro sempre.
Porém, somos completos egoístas, achamos que damos a gota certa de amor para nossa relação. Será? Talvez sim, talvez não, afinal, o que é real?
O real é que todos nós queremos ser amados, mas às vezes carregamos esse sentimento como um fardo, uma dor, um vazio que se instala e dá a nítida impressão de estar sem vida. Isso é amor?
Trazemos nossas frustrações do passado e queremos provar que não temos parcela por não ter dado certo.
Quantos entram em suas casas e esquecem-se das coisas mais simples, um lindo olhar (não o olhar de que “estou te vendo”), um beijo de ternura (não um selinho)?
Quantos deixam de fazer, pelo menos em um dia da semana, algo especial a dois?
Quantos deixam de tentar fazer um jantar (por pior que seja a comida) mais cheio de alegria, apenas para fazer o seu amor sorrir?
Quantos se esquecem de namorar embaixo das cobertas, como adolescentes, escondidos dos filhos?
Quantos esquecem a beleza da noite e nem se lembram de torná-la uma noite inesquecível?
Depois de tanto tempo juntos, o tempo passa e, quando tentamos resgatar, pode ser tarde demais, pois as peles não mais se encontram, o cheiro vira ternura e deixa de ser desejo.
Tornamo-nos amigos, por vezes até irmãos. Nos acomodamos e então o fim dessa união será irreversível. De quem será o erro? Dele? Dela também!
Aprendi com um mestre, Adhemar Paranhos, o meu Pai, que não devemos deixar nada para amanhã. Nada, seja o que desejamos, ou o que temos a falar.
As coisas mal resolvidas, com o tempo tomam um tamanho, um preço que não mais poderá ser pago.
Muitos temem o amor, porque acham que ele vem coberto de cobranças, mas o amor não cobra nada, ele é sutil e simples.
O amor é feito de pequenos gestos, um bom dia, uma frase inesperada, um desejo de sentir-se parte da vida de alguém. Não é tomar conta da sua vida, mas saber que você quer repartir os dias, as noites, a lágrima, o sorriso, seus sentimentos e até mesmo sua necessidade de estar só.
Tudo é uma questão de falar, partilhar o que você espera o que ele espera, assim, quando tudo fica claro, a relação se torna leve.
Todos queremos sentir que somos importantes e, algumas vezes, o que não temos hábito de fazer, passamos a fazer para agradar a esse amor, isso é entrega.
Passa a ser tão satisfatória, que nos leva a aprender a se doar cada vez mais.
Outro mestre, Francisco de Andrade (psiquiatra PUC)
Explicou-me onde começa o medo e o ciúme:
“O medo é natural do ser humano, quando não sente o chão que está pisando”
Quando trazemos películas de mentiras já vividas, quando fantasiamos um ser, no desejo de que ele seja o que queremos e não o que ele é na verdade, assim vivemos com medo dessa verdade, do quanto nos enganamos e até mesmo da realidade crua.
O pior é que, mais cedo ou mais tarde, chega o tal ciúme.
Nada mais é reflexo do que não tem. Quando temos a certeza que vivemos o real, temos o retorno dessa relação, a cumplicidade a dois. Não há ciúmes.
Mas quando muito é dito e nada demonstrado, essa pendência traz insegurança.
Nesse momento temos que ter equilíbrio e quando não encontrarmos, faz-se necessário buscar ajuda. O ciúme pode vir a se tornar doença.
“Cuidado para não criar um gibi na sua vida!”
Acabamos fazendo uma história, criando vários personagens que são seus inimigos, são seus aliados, ou monstros. Nós, a moça em perigo, tentando e querendo ser salva pelo mocinho.
Esses quadrinhos passam a ter vida e, se não tomarmos cuidado, poderemos ser engolidos pelo monstro que criamos. Por isso devemos sempre buscar primeiro a nossa cura e depois nossos sentimentos.
Não devemos temer amar, pois não importa o quanto, o tempo, a forma que se ama, todo amor é lindo quando é uma entrega a dois.
Ame muito e se permita ser amado, pois o amor não pede riqueza, pede pequenos gestos, pede a verdade, a cumplicidade.
Mas nunca se esqueça, há muitos que se contentam com pouco, porém, todos somos merecedores de muito, muito amor!
O amor não se quantifica, se realiza a dois e ainda assim, há sempre mais a aprender com esse sentimento. Ninguém tem a palavra mágica para traduzir esse sentimento maravilhoso.
Viva o amor!

Adriana Leal



Revisado por Marcia Mattoso