Quem vai me devolver o tempo perdido?
Como saber o amanhã e o que virá? Não, nós não podemos saber. No entanto, vivemos a sonhar e a fazer planos e isso faz parte de uma vida saudável e produtiva. O ser humano necessita almejar coisas, mirar alvos, estabelecer metas e objetivos. Assim como os demais, eu também sou assim.
É extremamente frustrante quando faço tudo o que está ao meu alcance, fazendo até além do necessário, e, mesmo assim, me vejo impedida a prosseguir no meu intento por algo que a vida me apresenta.
Esses empecilhos, às vezes, são provocados por mim mesma: falta de preparo, acomodação, medo, conformismo. Sendo assim, cada “não” que a vida dá é fruto do que foi plantado de maneira consciente ou inconsciente, é mérito meu e não posso reclamar.
E quando a vida me diz um sonoro “NÃO”? Mesmo quando me portei com a dedicação da mais disciplinada das atletas?
Nestes momentos, sou abatida por um desânimo, uma vontade de desistir e voltar ao útero materno, lugar onde estava protegida, confortável e não precisava ter, nem ser e muito menos provar nada a ninguém ou a mim mesma.
Às vezes, sinto-me ressentida com a vida. Tenho a impressão que ela não tem sido muito justa e generosa para comigo. Mas logo reflito melhor e vejo que estou sendo melodramática. Já desisti de buscar meus sonhos por causa desse sentimento de que as coisas não dão certo para mim, de que sou “azarada”. Meu histórico explica o surgimento dessa cisma minha, mas não justifica o fato de ter esmorecido, desistido e me feito fraca diante de muitas adversidades. Perdi tempo, deixei de cavar oportunidades e achar o sucesso. Sinto-me defasada, atrasada. Logo eu que era uma das garotas mais aplicadas de todas as turmas por onde estudei. Eu que era promessa de ser alguém muito bem sucedida e, por causa disso, vivia rodeada de alguns colegas que tentavam tirar proveito e quem sabe, descolar uma cola, se me permitem o trocadilho. Eu mesma orgulhava-me de mim! Hoje, não mais. Acho que falhei em muitos aspectos. Cheguei a culpar muito meus pais pelos meus fracassos, pois eles deixaram de me dar assistência e suporte financeiro, moral e psicológico desde muito cedo. Ao contrário, recebi deles lições aos montes e em doses diárias de insegurança, conformismo e resignação para os fatos da vida, o que fez-me curvar à “vontade” de Deus, quando, com certeza, Deus nem tinha nada a ver com as péssimas escolhas que eu fazia.
Hoje, continuo me deparando com “não”s da vida e com situações onde tenho que, constantemente, escolher entre dois caminhos. As escolhas têm que ser feitas e não posso me eximir ou me esconder. O tempo, que é implacável, escorre por meus dedos e já não posso mais errar, pois o tempo que é perdido ninguém poderá devolver.