Reflexões

Sem dúvida, este foi um ano atípico. Nunca havia refletido tanto sobre tantas questões comportamentais, de hábitos e costumes, conceitos e pré-conceitos. As reflexões foram profundas o bastante para virar e revirar minhas estruturas, até ao ponto de quase me deixar em crise existencial.

De uma hora para outra me vi frente a frente com minhas opiniões e verdades absolutas que já não cabiam mais na nova vida que estava abraçando. Era como se estivesse renascendo em uma nova mulher, mas a velha, a mulher que aprendi a ser desde a infância ainda estava ali, me atormentando, me lembrando a todo tempo o fracasso de uma vida e o medo de me arriscar na busca da felicidade.

As lentes, pelas quais eu via o mundo, me foram ajustadas e de repente eu passei a enxergar com muito mais nitidez. Foi e ainda é difícil para mim, pois passei a ver minhas imperfeições, falhas de caráter que antes eu não me dava conta. Confesso que alguns desses defeitos eram de meu conhecimento, mas eu os via pequeninos, quase imperceptíveis, iludia-me ao imaginar que as outras pessoas também os viam assim, que não se incomodavam com eles. Estava enganada.

Ainda penso muito sobre tudo isso, mas pude chegar a algumas conclusões:

Hoje tenho melhor estabelecido que nem todos os defeitos poderão ser extirpados, mas a consciência, saber conviver com eles e dominá-los é de suma importância. “Conhece-te a ti mesmo”, já dizia o filósofo com toda a propriedade.

Interiorizei também que devo ser verdadeira e sincera quanto a pessoa que sou, tanto para com os outros como para comigo mesma, isso evita que eu forme uma falsa autoimagem melhorada em meu subconsciente, evita também que eu venda uma falsa imagem minha, provocando uma imagem ilusória e possíveis decepções.

Percebi que a desilusão pode ser uma coisa boa, pois nada mais é do que a descoberta de que tudo o que se tinha como certo e estabelecido, na verdade era falso, não era real, era ilusão. E, quando se quer crescer, algo que não pode estar presente é a mentira para si mesmo, ou ilusões. Então, às vezes, a ilusão parece ser doce, mas a desilusão é libertadora.

Marisa Corrs
Enviado por Marisa Corrs em 03/07/2011
Reeditado em 11/07/2018
Código do texto: T3072480
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