Saudades
Sinto saudade, uma saudade meio estranha rasteira diria mesmo que é mais inveja, inveja daqueles que estão sempre juntos vivendo épocas e coisas da vida que eu estando distante não posso viver. Talvez pensem que eu não ligo, mais penso nisso todo dia, e tenho medo de não poder passar meus dias e momentos com aqueles que amo.
Talvez não haja tempo suficiente para esperar, pois não sabemos o dia de amanha, mas a correria do dia-a-dia não deixa, não permite me abster dela para poder sentar ao lado de minha mãe e bater um papo, ou olhar o caderno de meu irmão e ver se esta estudando algo em que eu possa ajudar.
Nas fotos de família não me vejo, pois não fui ao evento, não pude estar.... Nas conversas, sei pouco sobre o assunto, e quando há novidades sou a ultima saber. Não culpo os que amo, pois a distancia foi escolha minha, mas num sistema em que o que se tem é o que conta os recursos ficam escassos e não podemos retornar á infância.
Vejo amigos indo embora, vejo pessoas se aproximando de outras pessoas quando antes não as suportava. Vejo a vida pelas fotos dos outros, pois a minha maquina esta parada, sem flash... Por que as cores e os flashs da vida estão junto as pessoas que amamos e que nos ama e se elas não estão perto as fotos ficam preta e branca.
Sinto inveja daqueles que podem, que podem sentir o cheiro do cabelo de suas mães a qualquer hora do dia, que podem ver o sorriso de seus irmão quando conquistam algo, que podem acariciar as rugas de seus pais e conversar sobre as historias antigas. É uma inveja doída!
Sei que todos estão bem e tudo esta em paz! Mais queria que esse bem estivesse perto de mim, sobre meus olhos, minha proteção e perto do meu coração. Pois poucas visitas, breves telefonemas não matam a saudade sufocante que me esmaga o coração quando fecho a porta do meu quarto a noite.
Tento não pensar, mas toda vez que me olho no espelho tenho os olhos de um, o sorriso do outro e quando passo na rua sinto cheiro do perfume dos meus irmãos...Sinto saudades, saudades até mesmo das brigas pelo controle remoto, dos sermões da mamãe pelas roupas jogadas e as gavetas mal arrumada, do meu pai virando a esquina no carro velho que a muito esta na família, levando as calhas no teto do carro que brilham com a luz do sol e o suor escorregadio de seu rosto.
Amor todos, a todo momento, desde o primeiro suspiro de minha vida e será assim ate o ultimo.