Quase
Quase sempre não percebemo-nos
Em meio ao todo.
Ficamos entorpecidos de esperas
De pequenas quimeras
Entremeando nada.
Vivenciando lateralidades.
Quase sempre
Só conhecemos mesmo que algo ainda virá.
Sem perceber que o esperar
É que nos assegura vitalidade
E uma certa estabilidade.
Quase sempre não percebemos
Que se não houvesse esse amanhã
Não suportaríamos o hoje
Pelo todo seríamos esmagados
Sobrando em espaços estragados.
Quase sempre precisamos do quase
Pois se cheio
Onde guardar?
Se não tenho como ofertar?
E sem ofertar
Porque aqui ainda estar?
Quase sempre nos entretemos com o quase
E nesse quase
Vamos aos poucos completando-nos
Até onde o quase não mais couber
E tudo ou nada mais vier.
Quase entendemos...quase explicamos
A presença do que não aceitamos
Até esse quase chegar
Tem seu lugar assegurado.
Enfim a vida é feita de quase
Estamos sempre muito perto do limite.
Da agonia
Da alegria
Da grandeza
Da franqueza
Da euforia
Da força
Da fraqueza
Da beleza
Do Quase novo dia.
Da nossa última estadia.