Quase

Quase sempre não percebemo-nos

Em meio ao todo.

Ficamos entorpecidos de esperas

De pequenas quimeras

Entremeando nada.

Vivenciando lateralidades.

Quase sempre

Só conhecemos mesmo que algo ainda virá.

Sem perceber que o esperar

É que nos assegura vitalidade

E uma certa estabilidade.

Quase sempre não percebemos

Que se não houvesse esse amanhã

Não suportaríamos o hoje

Pelo todo seríamos esmagados

Sobrando em espaços estragados.

Quase sempre precisamos do quase

Pois se cheio

Onde guardar?

Se não tenho como ofertar?

E sem ofertar

Porque aqui ainda estar?

Quase sempre nos entretemos com o quase

E nesse quase

Vamos aos poucos completando-nos

Até onde o quase não mais couber

E tudo ou nada mais vier.

Quase entendemos...quase explicamos

A presença do que não aceitamos

Até esse quase chegar

Tem seu lugar assegurado.

Enfim a vida é feita de quase

Estamos sempre muito perto do limite.

Da agonia

Da alegria

Da grandeza

Da franqueza

Da euforia

Da força

Da fraqueza

Da beleza

Do Quase novo dia.

Da nossa última estadia.

Lucinda
Enviado por Lucinda em 28/06/2011
Código do texto: T3062095
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