Adultos

Quando eu assisti a Cisne Negro, pensei na situação da protagonista Nina, que, apesar de ser uma mulher adulta, era tratada pela mãe como uma menininha. A mãe entrava no seu quarto, tirava sua roupa e ficava examinando seu corpo. A pobre moça vivia sufocada. Uma das cenas mais fortes do filme, na minha opinião, é aquela em que Nina joga fora os animais de pelúcia. Entendemos que ela quer se livrar da infância em que a mãe insiste em mantê-la encerrada. Isso me faz pensar em pais que insistem em infantilizar seus filhos, dando conselhos desnecessários, intrometendo-se em seus assuntos íntimos e querendo decidir suas vidas. Para um filho adulto, ser tratado assim é uma mutilação, é um desrespeito. Pais que não os deixam viver de acordo com suas idades reais impedem que eles vivam e adquiram experiência e traquejo de vida,que desfrutem a existência. Isso não é amor, é opressão e egoísmo. O filho se sente oprimido por não conseguir expressar seus anseios já que esses pais costumam ser bem chantagistas e dizem que fazem isso por amor. Tratar um filho crescido como criancinha é o mesmo que mutilar as asas de uma ave: impede-o de voar, viver e ser livre, pois, o filho nunca tem a chance de seguir seus caminhos, de experimentar por si mesmo, de aprender e ver o que lhe é bom ou não. Está certo que deixá-lo livre é um risco, porque o mundo oferece perigos mas, se não permitirmos que ele os corra, ele não aprenderá a se defender nem saberá o que lhe é ou não conveniente. Ninguém deve tentar decidir a vida de ninguém, pois isso produzirá um ser humano infeliz, com sentimentos de inadequação. Ele verá gente com a mesma faixa de idade fazendo tudo o que ele quer e poderia estar fazendo e se sentirá ridículo e anormal, quase um ser estranho, uma peça inadequada ao ambiente. Quem ama de verdade um filho, com certeza, não deseja que ele passe por esse tipo de angústia. Além disso, os pais não estarão sempre por perto para impedir que ele se dê mal. Filhos cujos pais vivem a resolver tudo para eles ficam inseguros por não lhes ser permitido que façam nada. Então, aprendamos esta verdade: superproteger é impedir que o filho cresça, é sufocá-lo, é atrofiar suas potencialidades.