Morte
Quando eu te encontrar já vou ter vivido muitos anos, já terei visto quase tudo. Já estarei cansada e não sei o que vou dizer a você... Talvez tudo tenha corrido bem, talvez não. Talvez eu tenha pendências e lacunas não preenchidas. Talvez eu me arrependa, tenha saudade, quantas pessoas eu terei perdido, quantas lembranças eu terei. Pergunto-me se terei sido feliz, se terei realizado meus sonhos, se não, onde eles ficaram...
Quando eu te encontrar... Quando eu te encontrar já terei chorado todas as lágrimas de uma vida inteira, então sorrirei o sorriso dos pacíficos que não tem armas nem vontade de lutar. Não sei se terei medo. Enxergarei nos seus olhos o rosto dos que busco. Não existirão julgamentos, cada um sabe a satisfação e o martírio de ser como é. Já não existirão certezas, verdades ou mentiras e eu sei que vou entender.
Futuro... Cadê você? Quem você é? Onde? O Futuro já terá passado e nada mais terá importância. A vida, que coisa estranha, sem explicação, nem faz sentido. A vida essa coisa que eu escrevo e que eu nem ao menos sei como descrever. O que sentimos, respiramos. A vida é imensa e ao mesmo tempo tão pequena, um sopro, uma vírgula... Vivemos sem pensar que de repente tudo acaba nada é eterno.
E o que vale a pena? O que procuramos? Que vazios preenchemos? E a solidão, onde ela nos pegou e se ficou, por que ficou? O que eu fiz? E a tortura do que eu não fiz?
Quando eu te encontrar...