E lá se vai Jovem Velho!

Tchaicovsky a tocar demonstrava uma paz de espírito perturbadora, quase que melancólica de um Jovem Velho que não tinha muita vontade de sair de casa. O verão chegava lhe roubando o animo e cortando qualquer possibilidade de conversas longas e vazias.

Ele não sabia descrever o que sentia, quando simplesmente não sentia. Ele andava por entre as árvores buscando estrelas cadentes, e as repetições em seus textos tornavam-se iminentes, quando a monotonia de sua cabeça era tamanha a ponto de deixar até microorganismos próximos entediados. Ele era estranho, e embora tivesse em quem confiar, não fazia idéia do próximo passo a dar.

De sua janela ficava ali observando o povoado, cachorros a ladrar, crianças a chorar, uma senhora negociando na surdina o preço de seu corpo com um velho babão e a beata que fuzilava os dois com o olhar, a vida na cidade era mais do que calma...

Jovem pulou a janela e se pôs a caminhar, dizem as línguas mais afiadas que Jovem Velho Louco nunca se encontrou, outros dizem que na cidade grande formou família e trabalhou nas indústrias que começavam a se formar, estes dias eu fui a cidade em que ele vivia e falei com alguns moradores: ''Muito estranho aquele tal de Jovem Velho Louco tu sabes?, nunca gostei muito dele, com certeza meio abilolado das idéias, vivia tropeçando em seus textos mal escritos '' diz a velhota intrigueira sentada na cadeira de balanço com um ar de arrogância que não cabia em suas vestes surradas e de tecido barato. "Um bom garoto, um tanto quanto aluado, vivia nas nuvens o pobre rapaz, mas definitivamente um bom garoto'' diz um senhor simpático que atendia na mercearia com um sorriso de quem se acostumara a vida pacata da cidadezinha sem calçamento ou movimento algum, ninguém sabe o que realmente aconteceu com Jovem Velho, espero que ele tenha ficado bem, simpatizei com o rapaz nestas poucas linhas ...

Felipe Cardoso
Enviado por Felipe Cardoso em 21/06/2011
Reeditado em 21/06/2011
Código do texto: T3049408
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