Pura poesia (nos pequenos detalhes...)
No local onde trabalho conheci uma mulher que, para os padrões ditos “normais”, pode ser considerada feia. Na verdade, não há opção a ser considerada. Baixinha, magricela, desengonçada, despenteada. O seu uniforme de trabalho esconde completamente suas formas, fato este que, aliado ao seu permanente mau humor, faz com que seus colegas duvidem de sua sexualidade (feminilidade). Dizem dela mal amada, encalhada, enrustida... Na verdade, simplesmente desconhecida.
Outro dia, um pequeno detalhe me chamou a atenção. Algo fantástico! Ela estava vestida como todos os dias, com seu uniforme sem cor e sua botina grosseira, própria às suas tarefas. Mas ela havia arrumado seus cabelos e os enfeitado com uma pequena flor vermelha, amarelada no centro. Ninguém sabe se ela queria impressionar alguém, se simplesmente acordou com vontade de se arrumar ou se aquela flor representava uma janela para sua prisão.
Todos desconhecem suas razões, mas, para mim, pouco importam. Aquele detalhe era apenas poesia, pura poesia...
Montreal, 06 de junho de 2011.