Aparências de Uma Alma ***

Trago a alma cansada da longa jornada

Alquebrada pelas lutas inglórias no decorrer da existência

Entre dores atrozes que povoam meus dias.

Abalada e introspectiva me calo, volto ao seio da terra

Em busca da paz e serenidade de que tanto preciso

E como a Amendoeira que tem seus galhos ressequidos no rigor do inverno

E fica a mercê dos ventos se refugia no seio da terra, em busca da água

Inexistente na superfície,

busca no solo profundo a força para subsistir

Adormece e se alimenta de suas raízes que se espalham sedentas, por caminhosTortuosos,

abrindo atalhos se alongando no seio morno da terra que agora é seu alimento

Assim como minha alma

segue seu curso se espalhando, rompendo, rasgando, se fortalecendo

Crescendo no seio da inconsciência

onde não sinto so dor e apenas inércia

O tempo passa...

A primavera, lá fora

as geleiras se dissiparam e correm para o mar

È chegada a hora de recomeçar...

minha alma como a amendoeira

retorna aos poucos

Trazendo a seiva rica das profundezas do solo

refaz o caminho

Distribuindo a cada galho que desperta e se liberta da letargia da terra e ao receber os raios do sol,

a chuva que benfazeja lava e retira todo o pó acumulado.

Recebe a brisa suave da tarde e aos poucos renasce...

São folhas a cobrir seus galhos como uma roupagem verde,

verde de esperança.

Mais um tempo ... Ela esta toda cheia de botões como se guardasse um segredo

Um dia amanhece toda florida e perfumada, espalhando seu delicado e doce perfume

Sombreando agora suas raízes que descansam da árdua jornada passando por todas as suas fases.

Assim minha alma se levanta das cinzas trazendo as cicatrizes ainda aparente sobre a pele, com o coração quase refeito tenta sorrir e ousa sonhar com o amanhã

Deixando no tempo suas marcas de dias tenebrosos.

Veste hoje a esperança

E volta pra casa...

São Paulo, 14/12/2009

Darcy Bilherbeck

Bilherbeck
Enviado por Bilherbeck em 20/06/2011
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