Para aqueles que amam
Ainda hoje, em pleno século XXI, com todos os avanços tecnológicos, com toda a liberdade de conceitos vivida pelo ser humano, há os que acreditam em uma alma que, existindo fora da linha do tempo, em um certo instante, por ordem de Deus, separou-se em duas, caindo na Terra, como um par de estrelas cadentes. Dizem aqueles mesmos que tais almas, que no eterno formavam uma só, hão de encontrar-se um dia; seus olhos hão de brilhar como labaredas de desejo, suas peles a transpirar a vontade do inacabável; suas bocas a recitar, com a serenidade de quem desconhece o fim, um poema que sela a dança dos espíritos que, rodando em torno de si como estrelas gêmeas, amalgamam-se com perfeição platônica.
E a língua, a roçar na outra língua uma língua que desconhece qualquer tipo de fronteiras. Um idioma que está além da dialética de grande parte dos seres humanos. Cujas tímidas letras afogam-se na contradição da infinita significância que traz. Quatro letras que podem simplesmente traduzir não só uma vida, mas duas.
Amar é semear flores em chão de pedra... é nadar contra o fluxo da queda d'água. É limpar a dor do mundo... é qualquer coisa grande, muito grande. Tudo no amor é imenso, a começar por ele mesmo. A vida... é pequena demais para dois Grandes Amores. Deus não separaria uma alma em três... se bastam dois corpos para uma união infinda...
O amor... que vai além de nossos pobres corpos... meros instrumentos, pobres artifícios que os semi-espíritos usam para tomarem-se nos braços e serem um, como eram no Sempre. E nada melhor que ver, pouco a pouco, a beleza física exaurindo-se... até que aos amantes sobre apenas a anti-matéria. Até que o olhar ultrapasse a linha do visível, e alcance o belo que há no outro, este que se mostra invisível à vista torta e incapaz dos outros humanos.
SE AMAR É TOLICE... BEM-AVENTURADOS OS TOLOS, PORQUE DELES É O REINO DA TERRA.