Eterno ReCorno

Não acredito em bruxarias ou em qualquer outra coisa que tenha a mínima conotação transcendental. Mas não se pode acreditar no que não se pode ver da mesma forma como também não se pode simplesmente não acreditar no que não se pode ver. O que eu quero dizer é que meu ceticismo é comumente jogado pra escanteio quando eu me vejo dentro de determinadas situações - onde eu deveria ficar internamente quieto, assim como o fico externamente embotado (se é que tal termo é possível) - e parece haver um demônio que, na minha mente, consegue gritar mais alto do que os meus pensamentos decentes. Esse tal demônio se mostra na forma de uma mancha nos rodapés deste meu Dédalo existencial: eu fico perdido, esbarrando numas paredes enquanto outras se fecham; achando-as ora todas iguais, ora diferentes, e, é na última situação que eu vejo tais manchas e imediatamente penso:- Já estive aqui antes! E, mesmo tendo a consciência da eterna repetição, por que ainda me surpreendo com uma parede nova - que eu sei que é fina, frágil, cheia de rebocos e estuques, moqueando suas marcas e manchas; que ruirá à mínima investigação mais acurada - dentro deste labirinto sem barbantes no chão indicando o caminho certo a ser seguido? Será que esta é a minha única virtude - a inconsciente ciência de cometer o mesmo erro, sempre?

17/06/2011 - 08h53m

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 17/06/2011
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