SOU POETA 3

Não! Não diga que me compreende. Para ser franco, também não me entendo.

Talvez ontem, tenha sido louco, imaturo...Só à noite saberei quem fui!

E você insiste em dizer que sou poeta, apenas por ter escrito o que senti naquele instante em que a chuva de desgosto desceu banhando meu rosto.

Qualquer pessoa escreveria muito se o mundo desse tempo para tal melancolia.

A noite esteve fria e, sendo livre, saí a caminhar. Confundi névoa e casas inseguras sobre o morro, com um sonho de meu interior.

Observei luzes piscando nos confins do horizonte e percebi que, apesar de mudas, cada casa possuía seu lamento trancado a sete chaves. Por algum motivo, não gritavam, mas meu coração se sentiu solidário e, angustiado, chorou.

Voltei a meu casebre e escrevi mais esta aventura.

Meus papéis voaram na gráfica do tempo e você, ao ler meu desabafo, diz que sou poeta.

Pergunto: É bom querer dormir e a saudade não permitir tal sono? Há vida para quem morreu em um amor que, esperançoso, partiu sem deixar rastro?

Não! Não há valor em recordar momentos que se foram mas, continuarei escrevendo tudo o que meu peito respirar.

Peço apenas um favor: Não diga que sou poeta; Não conte aos outros que sou triste!

djovany
Enviado por djovany em 13/06/2011
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