SOMOS O PRODUTO DE NÓS
Não sou produto apenas de mim mesmo. Mas de minha insignificância.
Sou produto de uma herança.
Sou produto de uma história.
Sou produto da memória.
Sou o passado da lembrança.
Sou do presente o produto.
Sou o produto do conflito: do caos, da dor e do grito.
Sou significante na minha significação.
Sou produto do movimento, do tempo e do vento.
Fala-se da natureza como se ela não existisse em nós, como se o tempo histórico vivesse subserviente à linearidade do tempo físico; como se homens e números fossem “iguais” – letras mortas!
Que vantagem teria nascer no tempo do relógio, em que a utopia não existe, em que o movimento progressivo não é sinônimo de progresso, muito menos, de (re)flexão?
Talvez um dos grandes enganos dos homens seja considerar os tempos isócronos. Até parece que no tempo não há sentimentos, nem símbolos, nem sinais, nem eventos que perpassam simultaneamente a versões diversas da realidade em que vivemos, ou que parece ser vivida.
Decerto, sabemos, que nunca fomos tabula rasa; se não temos a compreensão dos fatos... O que nos impede? A não força de viver! Ou a aceitação de um discurso conformista que regado pela inoperância produzem reações catastróficas; operações matemáticas que contabilizam a natureza em sua forma inversa. Essa inversão de sentidos transforma o estado de esperança em estado de angústia, banalizam as relações humanas com o suicídio da paz.
Neste momento, já não sabemos quem somos, e, sabemos, quando sentimos nos olhos o desejo de mudança; de alteração de uma ordem que nos sufoca, nos oprime e nos leva à (de)pressão.
Sacrificam a harmonia com a ausência de diálogo numa tentativa de romper com o elo, mas graças à transcendência podemos mergulhar em outros universos, àqueles não nasceram com o tempo físico – determinado – mas nasceram com o tempo da utopia, que acredita no inacreditável, que sente e percebe o invisível.
Neste tempo de constante movimento, encontra-se a história de nossas vidas, hoje num lugar, amanhã em outro.
Felizes e sensatos são os que permeiam pelo tempo sem atropelar os eventos e seus sujeitos, semeando felicidade em tempos difíceis, em que o homem cada vez mais busca ser o mais racional dos animais, equivocando-se egoisticamente, ao agir sem sapiência.